5 de mar. de 2011

CARTAS ÀS SETE IGREJAS



Apocalipse 2
Introdução

As cartas às sete xigrejas (capítulos 2 e 3) é a parte mais bem conhecida do Apocalipse, basicamente por ser o trecho do livro de mais fácil compreensão. As igrejas em questão eram igrejas reais e tudo indica que o autor não pretendia ser apenas genérico colocando, nessas cartas, profecias concernentes a vários períodos da historia eclesiástica. O autor considerava a onda crescente de perseguição que assolava ou assolaria aquelas igrejas. Ele conhecia as necessidades das pessoas que efetivamente as freqüentavam.
Como vimos em estudo anterior, o número sete sugere a idéia de compleição ou perfeição. Ele é a soma de três, que simboliza o divino (pai, mãe e filho) com o quatro, que traz a idéia de mundo no sentido físico (os pontos cardeais, são quatro: Norte, Sul, Leste e Oeste). Portanto a mensagem às sete igrejas da Ásia Menor, a saber, Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardo, Filadélfia e Laodicéia, igrejas históricas, reais e conhecidas, transcendem a essas igrejas. Ela se destina às demais igrejas da Ásia Menor e de outras regiões. Ela se destina também às demais igrejas que vieram depois daquelas, incluindo as nossas igrejas atuais. Como a natureza humana é a mesma ao longo do tempo, com seus anseios, fraquezas e pecados, e a História evolui em ciclos, o conteúdo dessas cartas se mostra atual também para as igrejas e para os crentes de hoje.

Características Gerais das Cartas

Todas as sete cartas vão apresentar elementos comuns: Cada carta é endereçada ao "anjo" da igreja (seu pastor);
Há a identificação do remetente (Cristo). Este remetente revela possuir profundo conhecimento de cada igreja, louva a igreja naquilo que ela tem de bom e demonstra seu desagrado pelo que ela tem de negativo;
Há uma parte final de aconselhamento e a promessa para os que permanecerem firmes e fiéis.

A Carta à Igreja de Éfeso – Fiel mas em Falta (Ap. 2:1-7)

Ao tempo da carta, Éfeso era uma grande e rica cidade, com várias camadas sociais, ricos, pobres, letrados e analfabetos. Era uma cidade culta, abastada e corrompida. O ponto positivo da igreja, elogiado na carta, era a fidelidade no trabalho cristão e na doutrina. Com seu olhar perspicaz, o autor da Carta, porém, observa um ponto fraco na igreja de Éfeso: "Tenho, porém contra ti que deixaste o teu primeiro amor". Parece que a igreja, apesar de atuante e firme na doutrina, estava deixando de lado o verdadeiro motivo ou espírito do serviço Cristão: o amor. É possível que estivessem mais presos a um ativismo e a um formalismo doutrinário do que a uma verdadeira resposta, em amor, à ação e ao comando do Espírito de Deus.
A recomendação que Cristo faz à igreja de Éfeso pode ser resumida em três verbos: lembrar, arrepender-se e voltar. Lembrar-se da alegria e entusiasmo de antes, e da força de ações calcadas em amor fraternal autêntico. Arrepender-se de um serviço feito sem amor, por mera tradição e voltar ao primeiro amor. Cristo afirma que se eles não voltassem ao seu primeiro amor, estariam perdendo o direito de existir como igreja. Cristo promete à igreja de Éfeso que aquele "... que vencer, dar-lhe-ei a comer da árvore da vida..." Neste contexto, Deus está afirmando que aquele que lhe for fiel, Ele lhe concederá alimento e sustento. Ele nos atende em todas as nossas necessidades, mas espera que façamos a nossa parte, sendo fiéis e vitoriosos, não aquém nem além de nossas forças, mas conforme as forças que tivermos.

Carta à Igreja de Esmirna – Os Santos Sofredores (Ap 2:8-11)

A História nos fala de perseguições em Esmirna. Seu possível pastor, Policarpo, foi martirizado e os cristãos daquele lugar haviam perdido todos os seus bens materiais, confiscados por Roma. Cristo tece palavras de louvor e conforto aqueles crentes. Ele conhecia a tribulação deles e sua pobreza. A despeito disso, Cristo afirma que, mesmo perdendo bens, eles eram "ricos" de caráter. Ele conhecia a "blasfêmia" dos judeus, referência aqueles que haviam escapado dos confiscos por cederem à adoração da imagem do imperador. É interessante notar que o Senhor não promete tirá-los das dificuldades e apertos. Naquelas circunstâncias, tais provações seriam a forma de enrijecer-lhes o caráter. É uma forma diferente da vitória apregoada pelos valores do reino deste mundo. Ou seja, às vezes uma derrota material corresponde a uma vitória espiritual.

Carta à Igreja de Pérgamo – No Quartel General do Inferno (Ap 2:12-17)

Cristo elogia Pérgamo quanto à sua fidelidade em meio às provações. Aquela cidade abrigava o centro de culto ao imperador e muitos dos crentes de Pérgamo foram martirizados em praça pública. Dentro da igreja, entretanto haviam membros que esposavam doutrinas heréticas que incluíam adoração de imagens e o cumprimento de deveres ditos espirituais em troca de benefícios materiais. Alguns desses cristãos aconselhavam que valia à pena aderir ao culto ao imperador para poder escapar às perseguições. Cristo, por outro lado, aconselha à igreja para que se arrependa desta sua atitude sob pena do Senhor entrar pessoalmente em guerra contra ela, combatendo-a com a "espada de sua boca". Ao que for fiel, o Senhor Jesus apresenta uma promessa dupla: "dar-lhe-ei a comer do maná escondido", (Cristo o sustentará espiritualmente) e "Eu lhe darei uma pedra branca, e na pedra, um novo nome escrito". A cultura de Pérgamo fazia vários usos da pedra branca. Ela poderia ser entregue aquele que era absolvido em um processo judicial; era também concedida ao escravo liberto (a pedra era a prova de sua nova cidadania como livre); era conferida, como medalha, ao vencedor de corridas ou de lutas; era concedida ao guerreiro, quando voltava vencedor. Por isso, parece clara a analogia da pedra branca do tempo de Pérgamo com o prêmio espiritual que Cristo oferece. "Eu lhe darei uma pedra branca, e na pedra, um novo nome escrito", diz ele.

A Carta à Igreja de Tiatira – À Espera da Estrela (Ap 2: 18-29)

Cristo elogia os crentes de Tiatira pelo amor deles (o que não estava ocorrendo em Éfeso). Louva-os também pelo progresso em suas obras. Na aparência, portanto, trata-se de uma igreja sem problemas. Tiatira, porém, estava ligada a Pérgamo por uma boa estrada. A mesma heresia que assolava Pérgamo, estava presente em Tiatira. Parece que havia uma mulher na igreja que liderava o afastamento dos crentes das convicções do Evangelho e os liderava para as heresias. Ela é designada como Jezabel. Esse nome talvez seja simbólico por causa do seu mal caráter (referência à personagem encontrada no livro de Oséias). Aos vitoriosos, o Senhor promete não sobrecarregá-los mais do que as obrigações que eles já têm. Ele promete ao vencedor, a "Estrela da Manhã", sua direção e liderança na hora escura das tribulações, perplexidades e provações.

 Apocalipse - Cartas às Igrejas - Estudo 4


Apocalipse 3

Introdução:

 Nesta segunda parte do estudo sobre as cartas do Apocalipse, destinadas às igrejas da Ásia Menor, estaremos considerando as cartas às igrejas de Sardo, Filadélfia e Laodicéia. Como visto anteriormente, as sete igrejas em questão (as quatro do estudo anterior mais as três aqui citadas), são representativas das demais igrejas daquela província da Ásia e, possivelmente, de todo o império romano. Procurando aplicar as grandes verdades espirituais do Apocalipse aos nossos dias, não será demais considerar que essas sete igrejas são também representativas das igrejas de hoje.

A Carta à Igreja de Sardo – Morta ou Viva ? (3:1-6)

A Crítica: O remetente desta carta, Cristo, se identifica como "o que tem os sete Espíritos de Deus, e as sete estrelas". Ele tem o poder e a sabedoria e, em suas mãos, está o destino da igreja. Nas cartas anteriores, sempre havia primeiro um elogio e só depois o remetente fazia a sua crítica ao ponto negativo da igreja. Aqui, porém, ele inverte a ordem. Há mais pontos negativos que positivos. Em essência, a crítica dizia respeito ao fato de que a igreja de Sardo demonstrava externamente, grande atividade mas, internamente, não tinha nenhuma espiritualidade. Por fora, parecia viva, mas por dentro, estava morta.
O Aviso à Igreja: Aconselha-se à igreja a ser vigilante e a "confirmar as coisas que restam, que estavam para morrer". Naquela igreja haviam algumas coisas que ainda viviam e que poderiam reverter o estado moribundo da igreja, caso fossem ouvidas as palavras de Jesus, o remetente da carta. O aviso à vigilância tinha especial significado para os habitantes de Sardo, uma vez que a cidade estava edificada em uma elevação, era fortificada e três de seus lados desembocavam em aclives como precipícios. Convém observar que, no Novo Testamento, o termo "vigiar" se refere mais a manter-se ocupado plenamente no serviço do que simplesmente manter os olhos abertos.
O Ponto Positivo e as Promessas: Na igreja de Sardo haviam poucos que mereciam algum elogio. Esses "não contaminaram seus vestidos", participando dos cultos pagãos, do mundanismo reinante e corrupção da cidade. Tinham permanecido fiéis ao Senhor. Para este grupo fiel é prometido que ele andará com o Senhor, "vestido de vestes brancas" (sem manchas). Esta figura tem especial significado para Sardo, uma vez que a cidade se orgulhava de seu comércio de tecidos coloridos, usados especialmente pela gente mundana.

A Carta à Igreja de Filadélfia - Aquela com uma Porta Aberta (3:7-13)

O Ponto Positivo: É interessante notar que existem muitas referências positivas à essa igreja. Ela não recebe críticas do Senhor que, ao contrário, coloca diante dela "uma porta aberta que ninguém pode fechar". Cristo sabe que a igreja por si só é fraca, "tens pouca força", diz Ele. A igreja, porém, estava sendo fiel guardando o nome de Jesus e a porta aberta daria a ela a oportunidade de ser uma igreja estratégica. Com isso, ela poderia progredir, apesar de sua pouca força. Filadélfia era conhecida como "a cidade missionária", pelo fato de ter sido fundada para fomentar a civilização greco-asiática e o idioma e os costumes gregos na regiões orientais da Lídia e da Frigia. A "porta aberta", portanto, era uma referência à possibilidade da igreja de Filadélfia compartilhar da vocação cultural da cidade e desenvolver uma estratégia missionária própria, de proclamação do Evangelho de Jesus. Aliás, é interessante notar uma certa correlação entre igrejas vitoriosas com aquelas que têm "missões" e evangelismo como uma de suas motivações principais.
A Promessa: Por terem agido com fidelidade, Cristo promete aos crentes de Filadélfia, sua graça sustentadora nas tribulações que se abateriam sobre todo o mundo. Tal tribulação não os venceria (v10). Aquela igreja é encorajada com a próxima vinda do Senhor. Várias outras promessas são ainda declaradas (v12) aquele que for fiel: "Ao vencedor, farei dele coluna no templo do meu Deus", numa alusão a sobrevivência da igreja fiel. A cidade de Filadélfia ficava em uma região sujeita a terremotos e por isso, os crentes dessa cidade entenderiam muito bem o significado ou valor de uma coluna. Cristo estava dizendo que, apesar dos terremotos das perseguições, os fiéis seriam como colunas inabaláveis de um templo indestrutível. Note-se aqui que, no Apocalipse, não há promessa de que os crentes escapariam ao sofrimento e à morte. Há promessa, entretanto, de que mal algum sobreviria às suas almas. Cristo promete ainda à igreja de Filadélfia, que viria "sem demora", embora não fique claro se esta expressão se refere à segunda vinda de Cristo. Convém observar que ela não estabelece um prazo necessariamente, uma vez que pode significar também "repentinamente" ou "inesperadamente". Por outro lado, que sentido haveria em abrir uma porta missionária para Filadélfia, se Jesus estivesse voltando logo a seguir ?

A Carta à Igreja de Laodicéia – A Igreja com uma Porta Fechada (3:14-22)

A cidade de Laodicéia era uma cidade próspera. Por ela passavam três estradas romanas. Ela era o principal centro de comércio e finanças da região sendo reconhecida também como centro terapêutico para os olhos, por conta de um ungüento lá fabricado. Seu progresso tendia a levar seus moradores a serem arrogantes, orgulhosos e independentes, o que de certa forma, refletia na igreja lá existente.
A Queixa: Das sete igrejas, Laodicéia é a única sobre a qual nada se diz de positivo. Cristo a acusa de indiferença "Assim, porque és morno, e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca ..." (v16). Ele se utiliza das características da cidade para admoestar os crentes. Ele os chama de pobres, apesar de abastados, de cegos, apesar do ungüento ou colírio para os olhos e nus, apesar das boas roupas que usavam. Cristo, usando a linguagem simbólica e contextualizada do comércio de Laodicéia, aconselha no verso 18, que a igreja compre dele "ouro refinado", "vestiduras brancas" e "colírio para ungires os teus olhos, a fim de que vejas".
O Aviso e a Promessa: No verso 19 Cristo avisa que a igreja será repreendida e disciplinada porque Ele a ama. Aquela igreja tinha tudo menos Cristo. Ele permanecia do lado de fora batendo à porta. Se alguém a abrisse, Ele entraria e poderia começar a mudar a igreja, mesmo com uns poucos que lhe fossem fiéis. Ao que vencer o espírito de indiferença e letargia e "abrir a porta", Cristo promete entrar por ela e cear com aquele que a abre, estabelecendo um profundo relacionamento com Ele. O Senhor Jesus promete também que o crente fiel sentará no seu trono, junto com Ele. O brado de alerta contra a indiferença e a apatia espiritual ainda está vivo nas linhas do Apocalipse, dirigido não só a Laodicéia, mas a todas as igrejas na face da terra. Está também dirigido a você e a mim.
É nosso desejo sincero que, ao lermos a mensagem do Apocalipse, destinada primariamente àquelas sete igrejas da Ásia Menor, possamos ver-nos em algumas delas, recebendo com sabedoria as palavras de Cristo a nós endereçadas, seja de crítica, de aviso ou de promessa. "Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas." (Ap 3:22).

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