13 de jun. de 2011

O PRINCÍPIO DAS DORES


Josivaldo de França Pereira



“Quando, porém, ouvirdes falar de guerras e rumores de guerras, não vos assusteis; é necessário assim acontecer, mas ainda não é o fim. Porque se levantará nação contra nação, e reino, contra reino. Haverá terremotos em vários lugares e também fomes. Estas cousas são o princípio das dores”
(Mc 13.7,8)

Os relatos de Marcos (13.7,8) e Mateus (24.6-8) sobre “o princípio das dores” são parecidos. Lucas (21.9-11) acrescenta a palavra “grandes” ao falar de terremotos, “revoluções”, “epidemias” e “cousas espantosas e também grandes sinais do céu”. O que se tem dito, acerca de todas essas calamidades que Jesus relatou, é que elas sempre existiram. Contudo, se elas sempre existiram, por que Jesus as mencionou para marcar “o princípio das dores” que estava por vir? É verdade que catástrofes já aconteciam antes de Cristo como, por exemplo, terremotos (1Rs 19.11; Is 29.6; Am 1.1; Zc 14.5). Houve terremoto durante a morte e ressurreição de Jesus (Mt 27.54; 28.2), e depois delas também (At 16.26). O livro do Apocalipse fala muito de terremotos (Ap 6.12; 8.5; 11.13,19; 16.18).
E sobre as guerras e rumores de guerras? Basta dizer que, na época de Cristo, o Império Romano dominava e subjugava os povos com veemência (Mt 20.25; Lc 22.25). A história da humanidade é marcada por guerras e rumores de guerras. O mesmo podemos dizer das revoluções, fomes e epidemias. Então, por que Jesus citou todas essas coisas como se fosse uma novidade para o futuro? É por que elas seriam ainda mais constantes e intensas? Penso que sim.
Alguém poderia asseverar que a quantidade de calamidades no mundo foi sempre a mesma, e que hoje parecem maiores por causa da cobertura dos meios de comunicação e, com o aumento da população mundial, evidentemente o número de tragédias envolve mais pessoas. Considerando que a quantidade de calamidades naturais não aumentou, e sim a sua divulgação (mas com um número real de mortes por causa do crescimento populacional), será que quando Jesus profetizou todas essas coisas ele também não tinha em mente a repercussão desses acontecimentos? É provável que sim.
Recentemente, o mundo ficou estarrecido com o que ocorreu no Japão. Várias províncias daquele país foram assoladas por um forte terremoto, uma tsunami e vazamentos de usinas nucleares, ceifando a vida de milhares de pessoas. Será que temos na história da humanidade outro registro com tantas catástrofes ao mesmo tempo? Seria o acontecimento do Japão algo pertencente ao “princípio das dores”? Alguns colegas meus alegam que uma coisa não tem nada a ver com a outra. Reconheço que os extremos são sempre perigosos, principalmente em se tratando de escatologia, porém, se toda vez acharmos que isto ou aquilo é um fato isolado, que não tem nada a ver com a profecia de Jesus, corremos o risco de vermos “o princípio” chegar “ao fim”, com todas as profecias ligadas a ele negadas por nós. Por conseguinte, alguns desses mesmos colegas afirmam que já estamos vivendo “a grande tribulação”.
Eu diria que o ocorrido no Japão, em março deste ano, faz parte sim do princípio das dores, e que a grande tribulação ainda está para acontecer, pois, se já estamos na grande tribulação, como entendem alguns, quando foi, então, que o princípio das dores chegou ao fim? Não é “a grande tribulação” a culminação do “princípio das dores”, segundo Jesus (Mt 24.15-28; Mc 13.14-23; Lc 21.25-28)? É justo dizer que estamos na grande tribulação quando ainda desfrutamos de tanta liberdade religiosa e das coisas boas da vida? Segundo João, a igreja que vem da grande tribulação é composta por aqueles que “lavaram suas vestiduras e as alvejaram no sangue do Cordeiro” (Ap 7.14), ou seja, testemunharam de Jesus com a própria vida.
Acerca do princípio das dores Jesus disse: “não vos assusteis; é necessário assim acontecer, mas ainda não é o fim” (Mc 13.7), ou: “mas o fim não será logo” (Lc 21.9). Sobre a grande tribulação ele afirmou que “haverá grande tribulação, como desde o princípio do mundo até agora não tem havido, nem haverá jamais” (Mt 24.21).
Concluo que “o princípio das dores” já é uma realidade, mas “a grande tribulação” ainda não.

http://prjosivaldo.blogspot.com

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