“Depois destas coisas, olhei, e vi que estava uma porta aberta no céu, e a primeira voz que ouvi, como de som de trombeta falando comigo, disse: Sobe para aqui, e te mostrarei as coisas que depois destas devem acontecer. Imediatamente fui arrebatado em espírito, e um Trono estava posto no céu, e Alguém assentado sobre ele.” - Apocalipse 4:1-2.
Depois de presenciar e registrar a avaliação de Deus acerca das igrejas da Ásia, João é subitamente arrebatado em espírito ao céu. É lhe dito que a partir daquele momento, ele assistiria ao que deveria suceder ao mundo, após Deus ter começado o Seu juízo por Sua própria Casa, a Igreja. Uma vez que a Casa estava em ordem, chegara a hora de julgar as nações, começando por Israel, e sua capital, Jerusalém.
Antes, porém, João precisava compreender que por trás de todo juízo, há um propósito redentor, e que, o destino das nações estava bem seguro nas mãos d’Aquele que recebera do Pai toda a autoridade nos céus e na terra. Por isso, antes de assistir às manifestações dos juízos divinos, João precisava receber algumas revelações preliminares.
A primeira dessas revelações foi acerca do Governo de Deus sobre o Universo. Chegando às regiões celestes, João viu o que poucos homens puderam ver: o Trono de Deus. E ele faz questão de frisar que havia Alguém assentado ali. O Trono não estava vazio. “Alguém”, e não “algo”, estava no comando de toda a situação. Não se trata de uma força impessoal, como defendem os seguidores da Nova Era e de algumas seitas orientais, mas de um Ser Pessoal, que tem nas mãos as rédeas do destino de toda a Sua Criação. A mensagem subliminar que encontramos nesta passagem é: “Está tudo sob controle.” As coisas não acontecem por acaso, nem tampouco são frutos de contingências. Há um Deus que não apenas assiste à história da Criação, mas também a dirige, e, de certo modo, a protagoniza.
· O Significado de Sua Aparência
Embora João não se preocupe em nos dar a identidade d’Aquele que estava no Trono, podemos afirmar com convicção, que se trata do próprio Senhor Jesus, em Seu estado de glória. João se limita a descrever a aparência d’Aquele glorioso ser: “E o que estava assentado era, na aparência, semelhante a uma pedra de jaspe e de sardônio” (v.3a).
· O Sardônio
Para entendermos o significado destas pedras preciosas, preci-samos recorrer ao Antigo Testa-mento. Em Êxodo 28:15-21 lemos que o peitoral usado pelo Sumo Sacerdote exibia doze pedras preciosas, arrumadas em quatro fileiras, que simbolizavam as doze tribos de Israel. A primeira delas era o sardônio, uma pedra de cor avermelhada, e que tinha gravado o nome de Rúben, o primogênito de Israel. A pedra vermelha como sangue aponta para a expiação realizada por Cristo na Cruz, em Sua primeira vinda. Por causa de Sua morte e ressurreição, Ele foi chamado de “o primogênito dentre os mortos” (Col.1:18; Ap.1:5). Cristo é o “primogênito” do Novo Israel, e da Nova Criação, assim como Rúben era o primogênito dos filhos de Jacó. Ser o primogênito Lhe confere uma posição de primazia sobre a herança de Deus. Referindo-se ao Filho, o escritor de Hebreus diz que Deus o“constituiu herdeiro de tudo, por quem fez o mundo (...) ao introduzir o primogênito no mundo, diz: E todos os anjos de Deus o adorem” (Hb.1:2b, 6b). Infelizmente, muitos entendem de maneira errada a herança que Deus legou a Cristo, e que por sua vez, foi estendida a nós. A maioria dos cristãos buscam espiritualizar esta herança. É verdade que as Escrituras falam de uma “herança incorruptível, incontaminável e imarcescível, guardada nos céus” (1 Pe. 1:4), porém esta herança guardada nos céus é ninguém menos que Cristo. Mas as Escrituras também afirmam que Deus, o Pai, disse a Cristo: “Pede-me, e eu te darei as nações por herança, e os fins da terra por tua possessão” (Sl.2:8). Uma vez que somos co-herdeiros com Ele, podemos inferir que o mundo também é nossa herança (Rm.8:17). Paulo diz que Abraão recebeu de Deus a promessa de que seria “herdeiro do mundo” (Rm.4:13); logo, “se sois de Cristo, então sois descendentes de Abraão, e herdeiros conforme a promessa” (Gl.3:29). Portanto, o sardônio, a pedra de Rúben, aponta para a primogenitura de Cristo, e Sua primazia sobre toda a Criação, tanto a material, quanto a espiritual. Cristo é, ao mesmo tempo, o Herdeiro e o Testador (Aquele que compõe o testamento que consta a herança). Basta lermos com atenção a passagem que se segue, para termos uma nova compreensão acerca da morte de Cristo:
"Onde há testamento, necessário é que intervenha a morte do testador, porque um testamento só é confirmado onde houve morte; ou terá ele algum valor enquanto o testador vive?”
Hebreus 9:16-17.
O sardônio também aponta para a morte de Cristo, através da qual o Testamento foi confirmado, e a herança foi legada àqueles que O reconhecem como Senhor e Herdeiro de tudo. Ele morreu como testador, e ressuscitou como o primogênito da Nova Criação.
· O Jaspe
Depois de presenciar e registrar a avaliação de Deus acerca das igrejas da Ásia, João é subitamente arrebatado em espírito ao céu. É lhe dito que a partir daquele momento, ele assistiria ao que deveria suceder ao mundo, após Deus ter começado o Seu juízo por Sua própria Casa, a Igreja. Uma vez que a Casa estava em ordem, chegara a hora de julgar as nações, começando por Israel, e sua capital, Jerusalém.
Antes, porém, João precisava compreender que por trás de todo juízo, há um propósito redentor, e que, o destino das nações estava bem seguro nas mãos d’Aquele que recebera do Pai toda a autoridade nos céus e na terra. Por isso, antes de assistir às manifestações dos juízos divinos, João precisava receber algumas revelações preliminares.
A primeira dessas revelações foi acerca do Governo de Deus sobre o Universo. Chegando às regiões celestes, João viu o que poucos homens puderam ver: o Trono de Deus. E ele faz questão de frisar que havia Alguém assentado ali. O Trono não estava vazio. “Alguém”, e não “algo”, estava no comando de toda a situação. Não se trata de uma força impessoal, como defendem os seguidores da Nova Era e de algumas seitas orientais, mas de um Ser Pessoal, que tem nas mãos as rédeas do destino de toda a Sua Criação. A mensagem subliminar que encontramos nesta passagem é: “Está tudo sob controle.” As coisas não acontecem por acaso, nem tampouco são frutos de contingências. Há um Deus que não apenas assiste à história da Criação, mas também a dirige, e, de certo modo, a protagoniza.
· O Significado de Sua Aparência
Embora João não se preocupe em nos dar a identidade d’Aquele que estava no Trono, podemos afirmar com convicção, que se trata do próprio Senhor Jesus, em Seu estado de glória. João se limita a descrever a aparência d’Aquele glorioso ser: “E o que estava assentado era, na aparência, semelhante a uma pedra de jaspe e de sardônio” (v.3a).
· O Sardônio
Para entendermos o significado destas pedras preciosas, preci-samos recorrer ao Antigo Testa-mento. Em Êxodo 28:15-21 lemos que o peitoral usado pelo Sumo Sacerdote exibia doze pedras preciosas, arrumadas em quatro fileiras, que simbolizavam as doze tribos de Israel. A primeira delas era o sardônio, uma pedra de cor avermelhada, e que tinha gravado o nome de Rúben, o primogênito de Israel. A pedra vermelha como sangue aponta para a expiação realizada por Cristo na Cruz, em Sua primeira vinda. Por causa de Sua morte e ressurreição, Ele foi chamado de “o primogênito dentre os mortos” (Col.1:18; Ap.1:5). Cristo é o “primogênito” do Novo Israel, e da Nova Criação, assim como Rúben era o primogênito dos filhos de Jacó. Ser o primogênito Lhe confere uma posição de primazia sobre a herança de Deus. Referindo-se ao Filho, o escritor de Hebreus diz que Deus o“constituiu herdeiro de tudo, por quem fez o mundo (...) ao introduzir o primogênito no mundo, diz: E todos os anjos de Deus o adorem” (Hb.1:2b, 6b). Infelizmente, muitos entendem de maneira errada a herança que Deus legou a Cristo, e que por sua vez, foi estendida a nós. A maioria dos cristãos buscam espiritualizar esta herança. É verdade que as Escrituras falam de uma “herança incorruptível, incontaminável e imarcescível, guardada nos céus” (1 Pe. 1:4), porém esta herança guardada nos céus é ninguém menos que Cristo. Mas as Escrituras também afirmam que Deus, o Pai, disse a Cristo: “Pede-me, e eu te darei as nações por herança, e os fins da terra por tua possessão” (Sl.2:8). Uma vez que somos co-herdeiros com Ele, podemos inferir que o mundo também é nossa herança (Rm.8:17). Paulo diz que Abraão recebeu de Deus a promessa de que seria “herdeiro do mundo” (Rm.4:13); logo, “se sois de Cristo, então sois descendentes de Abraão, e herdeiros conforme a promessa” (Gl.3:29). Portanto, o sardônio, a pedra de Rúben, aponta para a primogenitura de Cristo, e Sua primazia sobre toda a Criação, tanto a material, quanto a espiritual. Cristo é, ao mesmo tempo, o Herdeiro e o Testador (Aquele que compõe o testamento que consta a herança). Basta lermos com atenção a passagem que se segue, para termos uma nova compreensão acerca da morte de Cristo:
"Onde há testamento, necessário é que intervenha a morte do testador, porque um testamento só é confirmado onde houve morte; ou terá ele algum valor enquanto o testador vive?”
Hebreus 9:16-17.
O sardônio também aponta para a morte de Cristo, através da qual o Testamento foi confirmado, e a herança foi legada àqueles que O reconhecem como Senhor e Herdeiro de tudo. Ele morreu como testador, e ressuscitou como o primogênito da Nova Criação.
· O Jaspe
Última pedra preciosa que compunha o peitoral do Sumo Sacerdote era o jaspe, que trazia o nome de Benjamim, a última das tribos de Israel. Fica claro aqui que a aparência d’Aquele que estava no trono representa o cumprimento do propósito de Deus para a Criação como um todo. Ele é o primeiro e o último, o Alfa e o Ômega, o autor e consumador de todas as coisas. Se o sardônio simboliza Sua primeira vinda, através da qual Ele fez a expiação dos nossos pecados, e confirmou o testamento, o jaspe simboliza Sua segunda vinda, quando Seu propósito restaurador será concluído. Ele começou a boa obra, e há de consumá-la até o dia final.
· A Esmeralda
Além disso, é dito que “ao redor do trono havia um arco-íris semelhante, na aparência, à esmeralda” (Ap.4:3). No peitoral do Sumo Sacerdote, a esmeralda era a pedra de Judá, a tribo de onde viria o Rei. É interessante frisar que o arco-íris contém sete cores, enquanto que, a esmeralda é de cor verde. Como conciliar uma coisa com a outra? Tanto o arco-íris, com suas sete cores distintas, quanto a verde esmeralda possuem um significado comum: esperança.
Aqui, o arco-íris aparece em uma forma completa. Não se trata de um arco, propriamente dito, mas de um círculo perfeito. Talvez, o lado inferior do círculo nada mais seja do que o reflexo do arco-íris no “mar de vidro, semelhante ao cristal” que havia diante do trono (v.6a). Se for assim, podemos dizer que o arco-íris (do lado superior do trono) é a Nova Aliança, cujo reflexo se vê na Antiga Aliança. Tal interpretação encontra apoio em passagens como aquela que claramente afirma que “a lei, tendo a sombra dos bens futuros, e não a imagem exata das coisas” (Hb.10:1a). Referindo-se às ordenanças contidas no Velho Pacto, Paulo diz: “Tudo isso tem sido sombra das coisas que haviam de vir” (Col.2:17a). Devido à conexão entre o arco-íris ao redor do trono e a esmeralda, que representa Judá, a tribo de onde Jesus originou-Se segundo a carne, podemos inferir que a realidade por trás deste símbolo é o Reino de Deus, que vem aos homens como cumprimento de Sua promessa, contida tanto no Velho quanto no Novo Pacto. Na Antiga Aliança, o Reino se manifestou de forma figurativa através de Davi, e seus sucessores; mas na Nova Aliança, este Reino se manifesta em plenitude, através d’Aquele que é, ao mesmo tempo, o Filho de Deus, e o Filho de Davi.
O arco-íris também aponta para uma nova ordem, que por sua vez, emerge da ordem até então estabelecida. Uma vez que esta velha ordem é alvo do juízo divino, e recebe os golpes de Seu Cetro de Justiça, faz-se mister que uma nova ordem seja instaurada, assim como foi nos dias de Noé. Deus fez uma aliança com toda a Criação após o Dilúvio, garantindo que jamais voltaria a destruí-la novamente. Agora, Deus confirma tal aliança, e assegura que a Nova Criação começada em Cristo jamais poderá ser banida. É bem verdade que a atual criação geme, como se estivesse com dores de parto, porém, nutrindo a esperança de que a corrupção que a mantém cativa há de ser desfeita, assim que os filhos de Deus forem manifestados (Rm.8:19-22).
Até aqui encontramos três pedras preciosas: o sardônio, simbolizando a obra feita na Cruz em Sua primeira Vinda; o jaspe, simbolizando Sua Vinda em glória no último dia; e a esmeralda representando o Seu reino agora. Assim sendo, nestas três pedras encontramos Aquele que era, que é, e que há de vir. Como disse o escritor sagrado: “Jesus é o mesmo ontem, hoje e eternamente” (Hb.13:8). Ele é o princípio, o meio, e o fim. Como Rúben, Ele é o primogênito (Hb.1:6), a origem de tudo; como Judá, Ele é Aquele que reina, “mediante quem tudo existe” (Hb.2:10), “sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder” (Hb.1:3). E como Benjamim, Ele é o último,“aquele, para quem são todas as coisas” (Hb.2:10). Resumindo: “Dele, por ele e para ele são todas as coisas” (Rm.11:36a). Todas as coisas são dEle, porque Ele é o primogênito (Criador). Todas existem por meio dEle, porque Ele é quem as governa e sustenta (Rei); e finalmente, todas as coisas são para Ele, porque Ele é o fim objetivo de tudo o que há (Herdeiro).
· A Esmeralda
Além disso, é dito que “ao redor do trono havia um arco-íris semelhante, na aparência, à esmeralda” (Ap.4:3). No peitoral do Sumo Sacerdote, a esmeralda era a pedra de Judá, a tribo de onde viria o Rei. É interessante frisar que o arco-íris contém sete cores, enquanto que, a esmeralda é de cor verde. Como conciliar uma coisa com a outra? Tanto o arco-íris, com suas sete cores distintas, quanto a verde esmeralda possuem um significado comum: esperança.
Aqui, o arco-íris aparece em uma forma completa. Não se trata de um arco, propriamente dito, mas de um círculo perfeito. Talvez, o lado inferior do círculo nada mais seja do que o reflexo do arco-íris no “mar de vidro, semelhante ao cristal” que havia diante do trono (v.6a). Se for assim, podemos dizer que o arco-íris (do lado superior do trono) é a Nova Aliança, cujo reflexo se vê na Antiga Aliança. Tal interpretação encontra apoio em passagens como aquela que claramente afirma que “a lei, tendo a sombra dos bens futuros, e não a imagem exata das coisas” (Hb.10:1a). Referindo-se às ordenanças contidas no Velho Pacto, Paulo diz: “Tudo isso tem sido sombra das coisas que haviam de vir” (Col.2:17a). Devido à conexão entre o arco-íris ao redor do trono e a esmeralda, que representa Judá, a tribo de onde Jesus originou-Se segundo a carne, podemos inferir que a realidade por trás deste símbolo é o Reino de Deus, que vem aos homens como cumprimento de Sua promessa, contida tanto no Velho quanto no Novo Pacto. Na Antiga Aliança, o Reino se manifestou de forma figurativa através de Davi, e seus sucessores; mas na Nova Aliança, este Reino se manifesta em plenitude, através d’Aquele que é, ao mesmo tempo, o Filho de Deus, e o Filho de Davi.
O arco-íris também aponta para uma nova ordem, que por sua vez, emerge da ordem até então estabelecida. Uma vez que esta velha ordem é alvo do juízo divino, e recebe os golpes de Seu Cetro de Justiça, faz-se mister que uma nova ordem seja instaurada, assim como foi nos dias de Noé. Deus fez uma aliança com toda a Criação após o Dilúvio, garantindo que jamais voltaria a destruí-la novamente. Agora, Deus confirma tal aliança, e assegura que a Nova Criação começada em Cristo jamais poderá ser banida. É bem verdade que a atual criação geme, como se estivesse com dores de parto, porém, nutrindo a esperança de que a corrupção que a mantém cativa há de ser desfeita, assim que os filhos de Deus forem manifestados (Rm.8:19-22).
Até aqui encontramos três pedras preciosas: o sardônio, simbolizando a obra feita na Cruz em Sua primeira Vinda; o jaspe, simbolizando Sua Vinda em glória no último dia; e a esmeralda representando o Seu reino agora. Assim sendo, nestas três pedras encontramos Aquele que era, que é, e que há de vir. Como disse o escritor sagrado: “Jesus é o mesmo ontem, hoje e eternamente” (Hb.13:8). Ele é o princípio, o meio, e o fim. Como Rúben, Ele é o primogênito (Hb.1:6), a origem de tudo; como Judá, Ele é Aquele que reina, “mediante quem tudo existe” (Hb.2:10), “sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder” (Hb.1:3). E como Benjamim, Ele é o último,“aquele, para quem são todas as coisas” (Hb.2:10). Resumindo: “Dele, por ele e para ele são todas as coisas” (Rm.11:36a). Todas as coisas são dEle, porque Ele é o primogênito (Criador). Todas existem por meio dEle, porque Ele é quem as governa e sustenta (Rei); e finalmente, todas as coisas são para Ele, porque Ele é o fim objetivo de tudo o que há (Herdeiro).
A Corte Celestial
“Pois quem nos céus é comparável ao Senhor? Entre os seres celestiais, quem é semelhante ao Senhor? Deus é sobremodo tremendo na assembléia dos santos e temível sobre todos os que o rodeiam.”
Salmos 89:6-7.
A atenção de João se volta para a realidade em torno do Trono de Deus.“Ao redor do trono” diz o apóstolo vidente, “havia vinte e quatro tronos, e vi assentados sobre os tronos vinte e quatro anciãos, vestidos de branco, que tinham nas suas cabeças coroas de ouro” (Ap.4:4). Quem seriam eles, ou, o quê eles representariam? Para respondermos a estas intrigantes indagações, teremos que fazer uma breve incursão pelas páginas das Escrituras.
Em seu registro profético, Daniel conta ter visto quando “foram postos uns tronos, e um Ancião de Dias se assentou. A sua veste era branca como a neve, e o cabelo da sua cabeça como lã puríssima (...) Assentou-se o Tribunal, e abriram-se os Livros (...) foi dado o Juízo aos Santos do Altíssimo, e chegou o tempo em que o santos pos-suíram o reino” (Dn. 7:9a, 22b). Partindo do princípio de que a Bíblia deve interpretar a Bíblia, concluímos por este texto que os vinte e quatro anciãos são agentes do Juízo de Deus. Trata-se de um tribunal armado com o obje-tivo de manifestar o veredicto divino. Surge, então, a seguinte questão: quem com-poria este tribunal?
Ao ser indagado por Pedro acerca do destino daqueles discípulos que haviam deixado tudo para segui-lO, Jesus lhe respondeu: “Em verdade vos digo que vós os que me seguistes, quando, na regeneração, o Filho do homem se assentar no trono da sua glória, também vos assentarei sobre doze tronos, para julgar as doze tribos de Israel” (Mt.19:28). Se levarmos em conta esta declaração feita por Cristo, chegaremos à identidade de pelo menos doze dos vinte e quatro anciãos. Trata-se dos doze apóstolos do Cordeiro, que, ao redor do trono de Deus, representam a totalidade do povo da Nova Aliança. E quanto aos outros doze? Por inferência, podemos afirmar que são os doze patriarcas das tribos de Israel. Em sua descrição da Cidade Celestial, João faz a conexão entre cada um desses dois grupos. Ali é dito que sobre as doze portas da Nova Jerusalém estão “os nomes das doze tribos dos filhos de Israel” (21:12), enquanto que “o muro da cidade tinha doze fundamentos, e neles estavam os nomes dos doze apóstolos do Cordeiro” (v.14). Feita a conexão, não fica dúvida de que os vinte e quatro anciãos sejam os cabeças do velho e do novo Israel, e representam a totalidade dos remidos do Senhor, sob ambas as alianças. Foi por ter a convicção de que aos santos seria confiado o juízo, que Paulo indagou aos seus leitores Coríntios: “Não sabeis vós que os Santos hão de julgar o mundo? Ora, se o mundo deve ser julgado por vós, sois indignos de julgar as coisas mínimas? Não sabeis vós que havemos de julgar os anjos? Quanto mais as coisas pertencentes a esta vida?” (1 Co.6:2-3).
O Juízo de Deus, como já vimos, deve começar pela Igreja. Não se trata de um juízo com objetivo condenatório, mas disciplinar (1 Co.11:32). Com a Sua própria Casa em ordem, Deus agora passa a julgar as nações do mundo, começando por Israel. Por fim, há o julgamento dos anjos, do qual a Igreja também deve participar ativamente. Mais adiante vamos tratar deste importante tema novamente. Basta, por enquanto, entendermos que os vinte e quatro anciãos representam os santos da Antiga e da Nova Aliança.
O Juízo emitido por Deus e executado por esses anciãos é prefigurado no verso 5, onde lemos que “do trono saíam relâmpagos, vozes e trovões”. Além disso, é dito que “diante do trono ardiam sete lâmpadas de fogo, as quais são os sete espíritos de Deus. Também havia diante do trono como que um mar de vidro, semelhante ao cristal” (vs.5b-6a). As sete lâmpadas apontam para o fato de que o Espírito de Deus perscruta todas as coisas. Ele é, no dizer de Paulo, “a luz que a tudo manifesta” (Ef.5:13b). O mar de vidro aponta para a transparência que as coisas possuem aos olhos do Supremo Juiz. “Não há criatura alguma encoberta diante dele” argumenta o autor sagrado, “todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos daquele a quem havemos de prestar contas” (Hb.4:13).
· Os Quatro Seres Viventes
“Pois quem nos céus é comparável ao Senhor? Entre os seres celestiais, quem é semelhante ao Senhor? Deus é sobremodo tremendo na assembléia dos santos e temível sobre todos os que o rodeiam.”
Salmos 89:6-7.
A atenção de João se volta para a realidade em torno do Trono de Deus.“Ao redor do trono” diz o apóstolo vidente, “havia vinte e quatro tronos, e vi assentados sobre os tronos vinte e quatro anciãos, vestidos de branco, que tinham nas suas cabeças coroas de ouro” (Ap.4:4). Quem seriam eles, ou, o quê eles representariam? Para respondermos a estas intrigantes indagações, teremos que fazer uma breve incursão pelas páginas das Escrituras.
Em seu registro profético, Daniel conta ter visto quando “foram postos uns tronos, e um Ancião de Dias se assentou. A sua veste era branca como a neve, e o cabelo da sua cabeça como lã puríssima (...) Assentou-se o Tribunal, e abriram-se os Livros (...) foi dado o Juízo aos Santos do Altíssimo, e chegou o tempo em que o santos pos-suíram o reino” (Dn. 7:9a, 22b). Partindo do princípio de que a Bíblia deve interpretar a Bíblia, concluímos por este texto que os vinte e quatro anciãos são agentes do Juízo de Deus. Trata-se de um tribunal armado com o obje-tivo de manifestar o veredicto divino. Surge, então, a seguinte questão: quem com-poria este tribunal?
Ao ser indagado por Pedro acerca do destino daqueles discípulos que haviam deixado tudo para segui-lO, Jesus lhe respondeu: “Em verdade vos digo que vós os que me seguistes, quando, na regeneração, o Filho do homem se assentar no trono da sua glória, também vos assentarei sobre doze tronos, para julgar as doze tribos de Israel” (Mt.19:28). Se levarmos em conta esta declaração feita por Cristo, chegaremos à identidade de pelo menos doze dos vinte e quatro anciãos. Trata-se dos doze apóstolos do Cordeiro, que, ao redor do trono de Deus, representam a totalidade do povo da Nova Aliança. E quanto aos outros doze? Por inferência, podemos afirmar que são os doze patriarcas das tribos de Israel. Em sua descrição da Cidade Celestial, João faz a conexão entre cada um desses dois grupos. Ali é dito que sobre as doze portas da Nova Jerusalém estão “os nomes das doze tribos dos filhos de Israel” (21:12), enquanto que “o muro da cidade tinha doze fundamentos, e neles estavam os nomes dos doze apóstolos do Cordeiro” (v.14). Feita a conexão, não fica dúvida de que os vinte e quatro anciãos sejam os cabeças do velho e do novo Israel, e representam a totalidade dos remidos do Senhor, sob ambas as alianças. Foi por ter a convicção de que aos santos seria confiado o juízo, que Paulo indagou aos seus leitores Coríntios: “Não sabeis vós que os Santos hão de julgar o mundo? Ora, se o mundo deve ser julgado por vós, sois indignos de julgar as coisas mínimas? Não sabeis vós que havemos de julgar os anjos? Quanto mais as coisas pertencentes a esta vida?” (1 Co.6:2-3).
O Juízo de Deus, como já vimos, deve começar pela Igreja. Não se trata de um juízo com objetivo condenatório, mas disciplinar (1 Co.11:32). Com a Sua própria Casa em ordem, Deus agora passa a julgar as nações do mundo, começando por Israel. Por fim, há o julgamento dos anjos, do qual a Igreja também deve participar ativamente. Mais adiante vamos tratar deste importante tema novamente. Basta, por enquanto, entendermos que os vinte e quatro anciãos representam os santos da Antiga e da Nova Aliança.
O Juízo emitido por Deus e executado por esses anciãos é prefigurado no verso 5, onde lemos que “do trono saíam relâmpagos, vozes e trovões”. Além disso, é dito que “diante do trono ardiam sete lâmpadas de fogo, as quais são os sete espíritos de Deus. Também havia diante do trono como que um mar de vidro, semelhante ao cristal” (vs.5b-6a). As sete lâmpadas apontam para o fato de que o Espírito de Deus perscruta todas as coisas. Ele é, no dizer de Paulo, “a luz que a tudo manifesta” (Ef.5:13b). O mar de vidro aponta para a transparência que as coisas possuem aos olhos do Supremo Juiz. “Não há criatura alguma encoberta diante dele” argumenta o autor sagrado, “todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos daquele a quem havemos de prestar contas” (Hb.4:13).
· Os Quatro Seres Viventes
Entra em cena algumas das mais enigmáticas figuras do Apocalipse. Segundo João, havia “ao redor do trono, um ao meio de cada lado, quatro seres viventes cheios de olhos por diante e por detrás. O primeiro ser era semelhante a um Leão, o segundo semelhante a um Touro, o terceiro tinha o rosto como de Homem, e o quarto era semelhante a uma Águia Voando”(Ap.4:6b-7).
Estas quatro figuras simbolizam a Revelação Plena de Deus no Evangelho de Jesus Cristo. O Evangelho é a base pela qual os homens serão julgados. Paulo diz que Deus “tomará vingança dos que não conhecem a Deus e dos que não obedecem ao Evangelho de nosso Senhor Jesus” (2 Ts.1:8b). E mais: “Isto sucederá no dia em que Deus há de julgar os segredos dos homens, por meio de Jesus Cristo, segundo o meu Evangelho” (Rm.2:16). Estes quatro seres viventes são os Guardiães do Mistério de Deus, apresentados em Isaías 6 como Serafins, em Ezequiel 1:10, e 10:20 como Querubins. Não importa o nome que recebam, e sim a função que exercem. Na revelação de Isaías, os seres viventes cobriam seus rostos com suas asas, porque o Mistério ainda não deveria ser revelado. Mas na visão de João, os quatro seres viventes estavam cheios de olhos por diante e por detrás. Isso se dá porque “o mistério que estivera oculto dos séculos e das gerações; agora, todavia, se manifestou aos seus santos” (Col.1:26). Paulo chama este mistério de “Mistério do Evangelho” (Ef.6:19b). Em outra passagem, Paulo sintetiza este mistério, e arremata:
"É, sem dúvida alguma grande é o mistério da piedade: Aquele que se manifestou em carne, foi justificado em espírito, visto dos anjos, pregado aos gentios, crido no mundo, e recebido acima na glória.”
1 Timóteo 3:16.
Neste único verso, encontramos os quatro seres viventes, simbolizando os quatro ângulos do mistério do Evangelho. Primeiro, Paulo diz que Cristo manifestou-Se em carne. Aqui vemos a figura do “Homem”. A encarnação é o começo da revelação do Evangelho. Em segundo lugar, Paulo afirma que Cristo foi justificado em espírito, o que aponta para Sua morte vicária, simbolizada na figura do “Touro”. Pedro diz que Ele foi “morto, sim, na carne, mas vivificado no espírito” (1 Pe.3:19). Em seguida, Paulo diz que ao ser justificado no espírito (ressurreição), Ele foi visto dos anjos, pregado aos gentios e crido no mundo; uma clara alusão à Sua condição de “Leão”. Aqui o Evangelho é apresentado como o Evangelho do Reino, que apresenta às nações o Cristo-Rei, que veio estabelecer Seu império no mundo. Finalmente, o apóstolo diz que Cristo foi recebido acima na glória, significando a ascensão, exaltação e entronização do Filho de Deus. Nesta declaração, encontramos a figura da “Águia”. Depois de um vôo rasante, a águia volta ao seu ninho de origem nas alturas. Depois de passar por cada etapa da chamada Kenósis (grego: esvaziamento) descrita por Paulo em Filipenses 2:5-8, Jesus retorna à Sua glória original (Jo.17:5), sendo exaltado soberanamente, e recebendo um nome que é sobre todo o nome (Fp.2:9-11). Convém salientar que o quarto ser visto por João tinha a aparência de uma águia voando, o que dá a idéia de dinamismo, movimento. O Reino de Deus não é algo estático, mas que deve se manifestar de maneira crescente, até que alcance a plenitude da Terra. Jesus explicou isso em parábolas. Em uma delas, Ele diz que “o reino dos céus é semelhante ao grão de mostarda que um homem tomou e semeou no seu campo. Embora seja a mais pequena de todas as sementes, contudo, quando cresce, é maior do que todas as hortaliças, e se transforma em árvore, de sorte que vêm as aves do céu e se aninham nos seus ramos. Outra parábola lhes disse: O reino dos céus é semelhante ao fermento que uma mulher toma e introduz em três medidas de farinha, até que tudo seja levedado” (Mt.13:31-33). O que estas parábolas têm em comum com a águia voando? Ambas falam do Reino como uma realidade em franca expansão. O destino da águia são as alturas da terra. E este é também o destino dos cidadãos do Reino de Deus. O que Deus fez com Israel é um sinal daquilo que fará com Sua Igreja:
"Como a águia desperta a sua ninhada, adeja sobre os seus filhotes e, estendendo as suas asas, toma-os, e os leva sobre as asas, assim só o Senhor o guiou, e não havia com ele deus estranho. Ele o fez cavalgar sobre as alturas da terra...”
Deuteronômio 32:11-13a.
Não há mais de um Evangelho. O que existem são os vários ângulos de um mesmo Evangelho. Expressões como “Evangelho da Graça”, “Evangelho do Reino”, “Evangelho Eterno”, “Evangelho da Salvação”, apontam para os vários aspectos do mesmo Evangelho, apresentado por Mateus, Marcos, Lucas, João.
Antigos manuscritos do Novo Testamento trazem gravuras que vinculam os seres viventes do Apocalipse aos quatro evangelhos. Geralmente trazem Marcos sentado sobre um leão; Lucas, sobre um touro; Mateus, sobre um homem; e João sobre uma águia. Há certa verdade por trás desta compreensão, haja visto que, cada um desses escritores sagrados enfatizou uma característica da missão de Cristo.
Marcos, por exemplo, sequer registra o nascimento de Jesus, demonstrando assim que, sua ênfase não recai sobre a encarnação, mas sobre o Reino de Cristo. A prova disso é que, as primeiras palavras que Marcos coloca nos lábios de Jesus são: “O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo; arrependei-vos e crede no evangelho” (Mc.1:15). Portanto, parece correto traçar um paralelo entre o Evangelho Segundo Marcos com a figura do Leão de Apocalipse.
A preocupação de Mateus é a de apresentar Jesus como o “Filho do Homem” (ex.:Mt.24:30), e por isso, faz questão de detalhar a Sua genealogia, e Sua gestação, enfatizando assim a Sua humanidade. Nada mais justo do que relacionar o Evangelho Segundo Mateus com a figura do ser vivente cujo rosto era de um Homem.
Já Lucas registra várias profecias do sofrimento e da morte de Cristo, e dedica muito espaço a isso, mostrando que tudo o que Jesus passou visava o cumprimento de tais profecias. À luz disso, parece-nos correto identificar o Evangelho Segundo Lucas com a figura do Touro (Em tempo: o Touro era um dos animais sacrificados de acordo com as prescrições da Lei. Hb.9:13; 10:4).
Finalmente, chegamos a João, e percebemos a sua insistência em apresentar-nos Cristo como Aquele que existe desde a Eternidade (Jo.1:1), sendo, na verdade, igual ao Pai (Jo.10:30). João não parece preocupado com os detalhes que envolveram o nascimento de Jesus. Sua preocupação é a de ressaltar a divindade de Cristo. É também ele quem registra a oração em que Jesus pede ao Pai para que retornasse à Sua glória original (17:5). Diante disso, fica óbvio o motivo pelo qual os crentes primitivos associavam o Evangelho de João com o ser vivente cuja aparência era a de uma Águia voando.
· Adoração e Reconhecimento
João diz que “os quatro seres viventes tinham, cada um, seis asas, e ao redor, e por dentro, estavam cheios de olhos. Não descansam nem de dia nem de noite, dizendo: Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, aquele que era, e que é, e que há de vir. Quando os seres viventes davam glória, honra e ações de graça ao que estava assentado sobre o trono, ao que vive para todo o sempre, os vinte e quatro anciãos prostravam-se diante do que estava assentado sobre o trono, e adoravam ao que vive para todo o sempre, e lançavam as suas coroas diante do trono, dizendo: Digno és, Senhor nosso e Deus nosso, de receber a glória, a honra e o poder, pois tu criaste toda as coisas, e por tua vontade existem e foram criadas” (Ap.4:8-11).
Aprendemos com isso que, o objetivo do Evangelho é glorificar ao Deus Triúno, e não ao homem. É por isso que Paulo o chama de “o Evangelho da Glória de Deus” (2 Co.4:4). É a glória que o Evangelho confere a Cristo que faz com que os vinte e quatro anciãos, que representam o povo de Deus em sua totalidade, se prostrem e adorem a Deus. Ao se prostrarem diante d’Aquele que ocupa o Trono, os anciãos lançavam suas coroas aos Seus pés, reconhecendo que toda a autoridade que possuíam derivava-se d'Ele, e que por isso, Ele era o único digno de receber a glória, a honra e o poder. Tal dignidade se deve principalmente ao fato de Ele ter criado todas as coisas por Sua própria vontade. Aqui aprendemos que a adoração que os anciãos fazem é consciente, racional, e deve ser o protótipo do culto que prestamos a Deus (Rm.12:2) Eles sabiam a razão pela qual prestavam culto ao Cristo de Deus. Não o faziam por mero formalismo ou emocionalismo irracional. Sua atitude de reconhecimento e entrega encontra eco na instrução dada por Paulo aos crentes Romanos: “Portanto, rogo-vos, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional”(Rm.12:2). Culto racional é todo aquele que encontra uma razão de ser. Pedro diz que devemos estar preparados para responder a todo aquele que nos pedir a razão da esperança que há em nós (1 Pe.3:15). O Apocalipse não se preocupa apenas em pintar um quadro onde os seres celestiais e terrenos adoram a Deus, mas também se preocupa em explicar a razão que os leva a agir assim. Em outras palavras: não basta freqüentar uma igreja, é preciso entender o “por quê” devemos fazê-lo. Não é suficiente que dizimemos, é necessário que saibamos a razão pela qual separamos a décima parte de nossa renda para depositarmos no gazofilácio da obra de Deus. Qualquer atitude de culto deve ser respaldada em razões objetivas, sob pena de ser mero ritualismo, fanatismo ou emocionalismo.
No capítulo quatro de Apocalipse encontramos a primeira razão que nos deve conduzir à adoração: Deus criou todas as coisas, e é a Sua vontade que as mantém existindo. Embora esta fosse uma razão suficiente para O adorarmos, encontraremos ainda outras razões no decorrer de nosso estudo.
Estas quatro figuras simbolizam a Revelação Plena de Deus no Evangelho de Jesus Cristo. O Evangelho é a base pela qual os homens serão julgados. Paulo diz que Deus “tomará vingança dos que não conhecem a Deus e dos que não obedecem ao Evangelho de nosso Senhor Jesus” (2 Ts.1:8b). E mais: “Isto sucederá no dia em que Deus há de julgar os segredos dos homens, por meio de Jesus Cristo, segundo o meu Evangelho” (Rm.2:16). Estes quatro seres viventes são os Guardiães do Mistério de Deus, apresentados em Isaías 6 como Serafins, em Ezequiel 1:10, e 10:20 como Querubins. Não importa o nome que recebam, e sim a função que exercem. Na revelação de Isaías, os seres viventes cobriam seus rostos com suas asas, porque o Mistério ainda não deveria ser revelado. Mas na visão de João, os quatro seres viventes estavam cheios de olhos por diante e por detrás. Isso se dá porque “o mistério que estivera oculto dos séculos e das gerações; agora, todavia, se manifestou aos seus santos” (Col.1:26). Paulo chama este mistério de “Mistério do Evangelho” (Ef.6:19b). Em outra passagem, Paulo sintetiza este mistério, e arremata:
"É, sem dúvida alguma grande é o mistério da piedade: Aquele que se manifestou em carne, foi justificado em espírito, visto dos anjos, pregado aos gentios, crido no mundo, e recebido acima na glória.”
1 Timóteo 3:16.
Neste único verso, encontramos os quatro seres viventes, simbolizando os quatro ângulos do mistério do Evangelho. Primeiro, Paulo diz que Cristo manifestou-Se em carne. Aqui vemos a figura do “Homem”. A encarnação é o começo da revelação do Evangelho. Em segundo lugar, Paulo afirma que Cristo foi justificado em espírito, o que aponta para Sua morte vicária, simbolizada na figura do “Touro”. Pedro diz que Ele foi “morto, sim, na carne, mas vivificado no espírito” (1 Pe.3:19). Em seguida, Paulo diz que ao ser justificado no espírito (ressurreição), Ele foi visto dos anjos, pregado aos gentios e crido no mundo; uma clara alusão à Sua condição de “Leão”. Aqui o Evangelho é apresentado como o Evangelho do Reino, que apresenta às nações o Cristo-Rei, que veio estabelecer Seu império no mundo. Finalmente, o apóstolo diz que Cristo foi recebido acima na glória, significando a ascensão, exaltação e entronização do Filho de Deus. Nesta declaração, encontramos a figura da “Águia”. Depois de um vôo rasante, a águia volta ao seu ninho de origem nas alturas. Depois de passar por cada etapa da chamada Kenósis (grego: esvaziamento) descrita por Paulo em Filipenses 2:5-8, Jesus retorna à Sua glória original (Jo.17:5), sendo exaltado soberanamente, e recebendo um nome que é sobre todo o nome (Fp.2:9-11). Convém salientar que o quarto ser visto por João tinha a aparência de uma águia voando, o que dá a idéia de dinamismo, movimento. O Reino de Deus não é algo estático, mas que deve se manifestar de maneira crescente, até que alcance a plenitude da Terra. Jesus explicou isso em parábolas. Em uma delas, Ele diz que “o reino dos céus é semelhante ao grão de mostarda que um homem tomou e semeou no seu campo. Embora seja a mais pequena de todas as sementes, contudo, quando cresce, é maior do que todas as hortaliças, e se transforma em árvore, de sorte que vêm as aves do céu e se aninham nos seus ramos. Outra parábola lhes disse: O reino dos céus é semelhante ao fermento que uma mulher toma e introduz em três medidas de farinha, até que tudo seja levedado” (Mt.13:31-33). O que estas parábolas têm em comum com a águia voando? Ambas falam do Reino como uma realidade em franca expansão. O destino da águia são as alturas da terra. E este é também o destino dos cidadãos do Reino de Deus. O que Deus fez com Israel é um sinal daquilo que fará com Sua Igreja:
"Como a águia desperta a sua ninhada, adeja sobre os seus filhotes e, estendendo as suas asas, toma-os, e os leva sobre as asas, assim só o Senhor o guiou, e não havia com ele deus estranho. Ele o fez cavalgar sobre as alturas da terra...”
Deuteronômio 32:11-13a.
Não há mais de um Evangelho. O que existem são os vários ângulos de um mesmo Evangelho. Expressões como “Evangelho da Graça”, “Evangelho do Reino”, “Evangelho Eterno”, “Evangelho da Salvação”, apontam para os vários aspectos do mesmo Evangelho, apresentado por Mateus, Marcos, Lucas, João.
Antigos manuscritos do Novo Testamento trazem gravuras que vinculam os seres viventes do Apocalipse aos quatro evangelhos. Geralmente trazem Marcos sentado sobre um leão; Lucas, sobre um touro; Mateus, sobre um homem; e João sobre uma águia. Há certa verdade por trás desta compreensão, haja visto que, cada um desses escritores sagrados enfatizou uma característica da missão de Cristo.
Marcos, por exemplo, sequer registra o nascimento de Jesus, demonstrando assim que, sua ênfase não recai sobre a encarnação, mas sobre o Reino de Cristo. A prova disso é que, as primeiras palavras que Marcos coloca nos lábios de Jesus são: “O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo; arrependei-vos e crede no evangelho” (Mc.1:15). Portanto, parece correto traçar um paralelo entre o Evangelho Segundo Marcos com a figura do Leão de Apocalipse.
A preocupação de Mateus é a de apresentar Jesus como o “Filho do Homem” (ex.:Mt.24:30), e por isso, faz questão de detalhar a Sua genealogia, e Sua gestação, enfatizando assim a Sua humanidade. Nada mais justo do que relacionar o Evangelho Segundo Mateus com a figura do ser vivente cujo rosto era de um Homem.
Já Lucas registra várias profecias do sofrimento e da morte de Cristo, e dedica muito espaço a isso, mostrando que tudo o que Jesus passou visava o cumprimento de tais profecias. À luz disso, parece-nos correto identificar o Evangelho Segundo Lucas com a figura do Touro (Em tempo: o Touro era um dos animais sacrificados de acordo com as prescrições da Lei. Hb.9:13; 10:4).
Finalmente, chegamos a João, e percebemos a sua insistência em apresentar-nos Cristo como Aquele que existe desde a Eternidade (Jo.1:1), sendo, na verdade, igual ao Pai (Jo.10:30). João não parece preocupado com os detalhes que envolveram o nascimento de Jesus. Sua preocupação é a de ressaltar a divindade de Cristo. É também ele quem registra a oração em que Jesus pede ao Pai para que retornasse à Sua glória original (17:5). Diante disso, fica óbvio o motivo pelo qual os crentes primitivos associavam o Evangelho de João com o ser vivente cuja aparência era a de uma Águia voando.
· Adoração e Reconhecimento
João diz que “os quatro seres viventes tinham, cada um, seis asas, e ao redor, e por dentro, estavam cheios de olhos. Não descansam nem de dia nem de noite, dizendo: Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, aquele que era, e que é, e que há de vir. Quando os seres viventes davam glória, honra e ações de graça ao que estava assentado sobre o trono, ao que vive para todo o sempre, os vinte e quatro anciãos prostravam-se diante do que estava assentado sobre o trono, e adoravam ao que vive para todo o sempre, e lançavam as suas coroas diante do trono, dizendo: Digno és, Senhor nosso e Deus nosso, de receber a glória, a honra e o poder, pois tu criaste toda as coisas, e por tua vontade existem e foram criadas” (Ap.4:8-11).
Aprendemos com isso que, o objetivo do Evangelho é glorificar ao Deus Triúno, e não ao homem. É por isso que Paulo o chama de “o Evangelho da Glória de Deus” (2 Co.4:4). É a glória que o Evangelho confere a Cristo que faz com que os vinte e quatro anciãos, que representam o povo de Deus em sua totalidade, se prostrem e adorem a Deus. Ao se prostrarem diante d’Aquele que ocupa o Trono, os anciãos lançavam suas coroas aos Seus pés, reconhecendo que toda a autoridade que possuíam derivava-se d'Ele, e que por isso, Ele era o único digno de receber a glória, a honra e o poder. Tal dignidade se deve principalmente ao fato de Ele ter criado todas as coisas por Sua própria vontade. Aqui aprendemos que a adoração que os anciãos fazem é consciente, racional, e deve ser o protótipo do culto que prestamos a Deus (Rm.12:2) Eles sabiam a razão pela qual prestavam culto ao Cristo de Deus. Não o faziam por mero formalismo ou emocionalismo irracional. Sua atitude de reconhecimento e entrega encontra eco na instrução dada por Paulo aos crentes Romanos: “Portanto, rogo-vos, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional”(Rm.12:2). Culto racional é todo aquele que encontra uma razão de ser. Pedro diz que devemos estar preparados para responder a todo aquele que nos pedir a razão da esperança que há em nós (1 Pe.3:15). O Apocalipse não se preocupa apenas em pintar um quadro onde os seres celestiais e terrenos adoram a Deus, mas também se preocupa em explicar a razão que os leva a agir assim. Em outras palavras: não basta freqüentar uma igreja, é preciso entender o “por quê” devemos fazê-lo. Não é suficiente que dizimemos, é necessário que saibamos a razão pela qual separamos a décima parte de nossa renda para depositarmos no gazofilácio da obra de Deus. Qualquer atitude de culto deve ser respaldada em razões objetivas, sob pena de ser mero ritualismo, fanatismo ou emocionalismo.
No capítulo quatro de Apocalipse encontramos a primeira razão que nos deve conduzir à adoração: Deus criou todas as coisas, e é a Sua vontade que as mantém existindo. Embora esta fosse uma razão suficiente para O adorarmos, encontraremos ainda outras razões no decorrer de nosso estudo.
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