28 de set. de 2011

As Alianças Bíblicas e a Escatologia – Introdução



As alianças bíblicas são muito importantes para quem estuda escatologia.  O plano profético de Deus é determinado e prescrito por essas alianças.
O relacionamento de Deus com o homem é sempre mediado através de uma ou mais alianças bíblicas. Deus se comprometeu a realizar determinados eventos na história e a profecia diz respeito a “quando” essas promessas serão cumpridas totalmente.
As alianças bíblicas são bem diferentes das alianças teológicas da teoria “aliancista”. Essa teoria vê as épocas da história como o desenvolvimento de uma aliança entre Deus e os pecadores, na qual Deus salvaria, por meio da morte de Cristo, todos os que viessem a Ele pela fé.
Resumo da teoria aliancista:
A aliança da redenção (Tt 1.2; Hb 13.20) –  A Trindade assumiu, cada um, parte no grande plano de redenção que é sua porção presente, conforme revelado na Palavra de Deus.   Nessa aliança o Pai entrega o Filho, o Filho se oferece sem mácula como sacrifí­cio eficaz e o Espírito administra e capacita a execução dessa aliança em todas as suas partes.
A aliança das obras  Segundo os teólogos são as bênçãos que Deus ofereceu ao homem.  Antes da queda, Adão relacionou-se com Deus pela aliança de obras. Até que seja salvo, o homem tem a obrigação implícita de ser semelhante em caráter a seu Cria­dor e de fazer a Sua vontade.
A aliança da graça  Indica todos os aspectos da graça divina para com o homem em todas as épocas. O exer­cício da graça divina torna-se possível e justificado pela satisfação de jul­gamentos divinos obtidos na morte de Cristo.
Apesar de a teoria teológica Aliancista  estar de acordo com a Bíblia, ela é insatisfatória para explicar as Escrituras escatologicamente, pois despreza o grande campo de alianças bíblicas que determinam todo o plano escatológico.
O uso bíblico da palavra Aliança
É usada nos relacionamentos entre Deus e o ho­mem, entre os homens e entre as nações. É usada para coisas temporais e coisas eternas.
Aliança divina é
1) uma disposição soberana de Deus, mediante a qual Ele estabelece um contrato incondicional ou declarativo com o homem, obrigando-se, em graça, por um juramento irrestrito, a conceder, de Sua própria iniciativa, bênçãos definidas para aqueles com quem compactua ou
2) uma proposta de Deus, em que Ele promete, num contrato condicio­nal e mútuo com o homem, segundo condições preestabelecidas, conce­der bênçãos especiais ao homem desde que este cumpra perfeitamente certas condições, bem como executar punições precisas em caso de não-cumprimento.
Natureza das Alianças
1. São alianças literais e devem ser interpretadas literalmente. Tal interpretação está em harmonia com o método literal de inter­pretação.
2.  Alianças eternas. Todas as alianças de Israel são chamadas eternas, com exceção da aliança Mosaica, que é declarada temporal e deveria continuar até a vinda da Semente Prometida (Jesus):
- A alian­ça Abraâmica é chamada “eterna” em Gênesis 17.7,13,19; 1 Crônicas 16.17; Salmos 105.10;
- A aliança Palestina é chamada “eterna” em Ezequiel 16.60;
- A aliança Davídica foi chamada “eterna” em 2Samuel 23.5, em Isaías 55.3 e em Ezequiel 37.25;
- A Nova Aliança é chamada “eterna” em Isaías 24.5, 61.8, em Jeremias 32.40, 50.5 e em Hebreus 13.20.
3. São Alianças incondicionais , visto que são literais, eternas e dependem solenemente da integridade de Deus para o seu cumpri­mento.
4. São Aliança estabelecidas com um povo pactual, Israel. Em Romanos 9.4 Paulo declara que a nação de Israel tinha rece­bido alianças do Senhor. Em Efésios 2.11,12 ele declara, contrariamen­te, que os gentios não haviam recebido tal aliança e conseqüentemente não gozavam de relacionamentos pactuais com Deus. Essas duas pas­sagens mostram, de modo negativo, que os gentios não tinham relacio­namentos de aliança e, de modo positivo, que Deus tinha firmado um relacionamento de aliança com Israel.
Tipos de Alianças
As alianças são contratos feitos entre indivíduos com o propósito de regulamentar esse relacionamento. Deus quer comprometer-se com Seu povo, ou seja, deseja cumprir Suas promessas para poder demonstrar na história que tipo de Deus Ele é.
Os relacionamentos na Bíblia – especialmente entre Deus e os homens – são legais ou judiciais. Por isso que eles são mediados pelas alianças. As alianças normalmente envolvem intenção, promessas e sanções.
Existem três tipos de Alianças na Bíblia:
1 – O tratado chamado de “Garantia Real” (incondicional) – Uma aliança promissória que surgiu de um desejo do rei em recompensar um servo leal. Por exemplo:
  • Aliança Abraâmica
  • Aliança Davídica
Devemos entender que essas alianças são incondicionais. Esse aspecto é importante na profecia bíblica, pois está em jogo se Deus é ou não obrigado a cumprir as Suas promessas, especialmente pa­ra com as partes originalmente envolvidas na aliança.
Por exem­plo, cremos que Deus deve cumprir em relação a Israel (como na­ção) as promessas feitas através das alianças incondicionais, como a Abraâmica, a Davídica e a Palestina. Se isso for verdade, então elas precisam ser realizadas literalmente – o que implica que mui­tos de seus aspectos ainda devem ser cumpridos.
“Uma aliança incondicional pode ser definida como um ato sobera­no de Deus, sendo que o Senhor, portanto, obriga a Si mesmo a fa­zer com que se cumpram as promessas, bênçãos e condições estabe­lecidas para o povo com quem fez a aliança. E uma aliança unilate­ral. Esse tipo de aliança é caracterizado pela forma verbal futura, que mostra a intenção dEle cumprir exatamente o que prometeu, no tempo determinado para isso. As bênçãos são garantidas por causa da graça de Deus.” (Fruchten-Baum)
2 – Tratado entre o “Suserano e o Vassalo ” (condicional) - vin­cula um vassalo (inferior) a um suserano (superior) e a responsabi­lidade recai apenas sobre aquele que fez o juramento. Exemplos:
  • Quedorlaomer, rei de Elão (Gênesis 14)
  • Jabes-Gileade enquanto servia Naás (1 Samuel 11.1)
  • Aliança Adâmica
  • Aliança Noaica
  • Aliança Mosaica (Deuteronômio)
Tratado entre o “Suserano e o Vassalo” no formato de Deutero­nômio:
  • Preâmbulo (1.1-5)
  • Prólogo Histórico (1.6-4.49)
  • Principais Provisões (5.1-26.19)
  • Bênçãos e Maldições (27.1-30.20)
  • Continuidade das Alianças (31.1-33.29)
3 – O tratado de “Paridade”  une duas partes iguais em um re­lacionamento e estabelece as condições estipuladas pelos seus par­ticipantes. Exemplos:
  • Abraão e Abimeleque (Gênesis 21.25-32)
  • Jacó e Labão (Gênesis 31.43-50)
  • Davi e Jônatas (1 Samuel 18.1-4; veja também 2 Samuel 9.1-13)
  • Cristo e os crentes pertencentes à era da Igreja, ou seja, Seus “amigos” (João 15)
Alianças Bíblicas
Existem pelo menos oito alianças mencionadas na Bíblia:
  • Aliança Edênica (Gênesis 1.18-30; 2.15-17)
  • Aliança Adâmica (Gênesis 3.14-19)
  • Aliança Noaica (Gênesis 8.20-9.17)
  • Aliança Abraâmica (por exemplo Gênesis 12.1-3)
  • Aliança Mosaica (Êxodo 20-23; Deuteronômio)
  • Aliança Davídica (2 Samuel 7.4-17)
  • Aliança Palestina (Deuteronômio 30.1-10)
  • Nova Aliança (por exemplo, Jeremias 31.31-37)
A maneira como as alianças se relacionam com Israel é de fun­damental importância para o estudante das profecias.
A tabela a se­guir ilustra como elas se desenvolvem e suas aplicações:

Continua: Aliança Abraâmica
Fontes:
Manual de Escatologia – Dwight Pentecost
Profecias de A a Z – Thomas Ice & Timothy Demy

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