O Anti-Semitismo
O anti-semitismo
tem afligido a humanidade por milênios. Pergunte aos anti-semitas por que eles
odeiam o povo judeu e você logo ouvirá uma grande número de desculpas desgastadas,
ilógicas e que não podem ser comprovadas com fatos. Para os cristãos que crêem
na Bíblia, o anti-semitismo é tão estranho às Escrituras que não devemos
dar-lhe acolhida nem por um momento. Mesmo reconhecendo a oposição dos judeus
ao Evangelho, o apóstolo Paulo nos lembra claramente que não temos o direito de
odiar o povo escolhido de Deus. Ele escreveu: “Quanto ao evangelho, são eles inimigos por vossa causa; quanto, porém,
à eleição, amados por causa dos patriarcas” (Romanos 11.28).
Além da coleção
de desculpas sem fundamento e muitas vezes absurdas apresentadas pelas pessoas
para justificarem seu ódio ao povo judeu, existe outra explicação para a existência
do anti-semitismo. Trata-se de algo que realmente pode ser encontrado na Bíblia.
Mesmo assim, esse texto bíblico não servirá para confortar os anti-semitas.
A passagem pertinente
das Escrituras é Apocalipse 12.1-6: “Viu-se
grande sinal no céu, a saber, uma mulher vestida do sol com a lua debaixo dos
pés e uma coroa de doze estrelas na cabeça, que, achando-se grávida, grita com
as dores de parto, sofrendo tormentos para dar à luz. Viu-se, também, outro sinal
no céu, e eis um dragão, grande, vermelho, com sete cabeças, dez chifres e, nas
cabeças, sete diademas. A sua cauda arrastava a terça parte das estrelas do
céu, as quais lançou para a terra; e o dragão se deteve em frente da mulher que
estava para dar à luz, a fim de lhe devorar o filho quando nascesse. Nasceu-lhe,
pois, um filho varão, que há de reger todas as nações com cetro de ferro. E o
seu filho foi arrebatado para Deus até ao seu trono. A mulher, porém, fugiu para
o deserto, onde lhe havia Deus preparado lugar para que nele a sustentem durante
mil duzentos e sessenta dias”.
Os personagens envolvidos
são a mulher, seu filho e o dragão. Ao comparar a descrição da mulher com o sonho
de José (Gn 37.9-10), podemos ver que ela representa Israel. O filho, obviamente,
é Jesus, um judeu de nascimento. O dragão, claro, é Satanás (veja Ap 12.9).
O dragão tenta devorar
o filho da mulher, mas não consegue fazê-lo porque a criança tem sua vida milagrosamente
preservada, até ao ponto de ser levada para o céu (a ascensão). A passagem continua: “Quando, pois, o dragão se viu atirado para
a terra, perseguiu a mulher que dera à luz o filho varão; e foram dadas à mulher
as duas asas da grande águia, para que voasse até ao deserto, ao seu lugar, aí
onde é sustentada durante um tempo, tempos e metade de um tempo, fora da vista
da serpente. Então, a serpente arrojou da sua boca, atrás da mulher, água como
um rio, a fim de fazer com que ela fosse arrebatada pelo rio. A terra, porém,
socorreu a mulher; e a terra abriu a boca e engoliu o rio que o dragão tinha arrojado
de sua boca. Irou-se o dragão contra a mulher e foi pelejar com os restantes da
sua descendência, os que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de
Jesus; e se pôs em pé sobre a areia do mar” (Ap 12.13-17).
Frustrado em sua
tentativa de destruir o Salvador, Satanás dirige sua ira contra a mulher (Israel).
De acordo com essa passagem, ele fará tudo o que puder para destruí-la. No final,
ele sairá derrotado, mas durante o processo fará tanto estrago quanto puder. Essa
passagem nos fornece a explicação melhor – e bíblica – para a existência do anti-semitismo.
De forma simples, poderíamos dizer: o ódio a Israel tem sua origem em Satanás.
Satanás, na verdade, usa muitas máscaras
em sua tentativa de opor-se a Deus. |
A visão panorâmica que nos é mostrada em Apocalipse 12 apresenta o conflito de todas as eras: o plano redentor de Deus, centrado no Messias, e o plano satânico de opor-se a ele com todo o seu poder. A Bíblia toda poderia ser resumida nesse capítulo. A derrota certa e inevitável do Diabo não diminui seu desejo de manter a oposição. Israel, inegavelmente, está no centro desse conflito.
Mas como Satanás
executa seu plano maligno? Outra passagem do Novo Testamento nos dá a resposta.
Satanás sabe que precisa atrair as pessoas ao invés de repeli-las. Caso se apresentasse
com a imagem caricata familiar, de uma criatura vermelha, com chifres, cascos e
cauda, ele faria com que as pessoas se afastassem ao invés de serem atraídas. Assim,
ele usa máscaras que lhe dão uma aparência mais benigna que perversa. Pense um
pouco a respeito de 2 Coríntios 11.14: “E
não é de admirar, porque o próprio Satanás se transforma em anjo de luz”. Satanás,
na verdade, usa muitas máscaras em sua tentativa de opor-se a Deus. Algumas podem,
inclusive, parecer nobres e não malévolas.
As Cruzadas
Quando
os cruzados finalmente chegaram a Jerusalém e derrubaram suas muralhas
em 1099, eles reuniram os judeus em sua sinagoga e colocaram fogo nela.
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As Cruzadas foram iniciadas com o que parecia ser um propósito nobre – reconquistar a Terra Santa das mãos dos infiéis muçulmanos. Durante o processo, os cruzados massacraram quase 100.000 judeus. Havia uma grande distância entre a França e a Terra Santa em 1098, o ano em que a Primeira Cruzada teve início. Além disso, durante meses não foi encontrado nenhum muçulmano. Porém, quando os exércitos marchavam pelo vale do Reno, depararam-se com muitas comunidades judaicas importantes. “Por que esperar para encontrar os inimigos do cristianismo no Oriente Médio”, pensaram eles, “se há outros inimigos bem aqui, perto de nós?” Por isso, eles atacaram e dizimaram as comunidades judaicas que não tinham como se defender.
Tais atrocidades
foram cometidas em toda a Europa. Quando os cruzados finalmente chegaram a Jerusalém
e derrubaram suas muralhas em 1099, eles reuniram os judeus em sua sinagoga e
colocaram fogo nela. Portanto, independentemente do que a palavra “cruzada” significa
para os cristãos quando usada como sinônimo de encontros evangelísticos, ela
tem uma conotação completamente diferente para os judeus. Essa é a história de
Satanás usando uma máscara de cruzado.
Os Monarcas Espanhóis
Os nomes Fernando
e Isabel, monarcas da Espanha no final do século XV, freqüentemente lembram imagens
das corajosas viagens de Cristóvão Colombo ao Novo Mundo. Mesmo sendo verdade
que esses monarcas financiaram tais viagens, eles também tiveram um outro papel
na história. Fernando e Isabel eram reis católicos fanáticos e deram sustentação
à Inquisição Espanhola.
Ao mesmo tempo em
que expulsavam os mouros da Espanha, eles também queimavam na estaca a evangélicos
e judeus, acusados de envolvimento em práticas diferentes das ensinadas por Roma.
No dia 1º de janeiro de 1492, quando os monarcas entraram vitoriosos em Granada
– o último local de resistência dos mouros – eles também assinaram o Édito de
Expulsão da grande e próspera comunidade judaica do país. O édito tornou-se efetivo
em agosto daquele mesmo ano. Os historiadores contam: na época em que Colombo
partiu para o mar, dezenas de navios enchiam o porto, repletos de refugiados judeus
que preferiam fugir da Espanha a se converterem ao catolicismo.
Por fim, cerca de
150.000 judeus espanhóis abandonaram sua terra natal ou simularam converter-se
ao catolicismo para salvar suas vidas e pertences. Segundo uma cantiga popular,
“Colombo navegou pela maré bravia”. Poderíamos acrescentar: “Fernando e Isabel
perseguiram a raça judia”. Essa é a história de Satanás usando a máscara dos famosos
monarcas espanhóis.
O czar Nicolau II.
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Na Rússia
A lista de máscaras satânicas poderia encher vários livros. Durante o século XIX, as maiores comunidades judaicas do mundo se encontravam na Europa Oriental, especialmente na Polônia e na Ucrânia. Os czares que governavam o Império Russo eram devotos da Igreja Ortodoxa Russa. Desde 1881 até a segunda década do século XX, eles patrocinaram uma série de “pogroms” – ataques violentos de camponeses e cossacos contra as comunidades judaicas. O objetivo declarado de um desses czares era que um terço dos judeus se convertesse, um terço deixasse o país e um terço morresse.
Na época da I
Guerra Mundial, dois milhões de judeus russos desembarcaram sem um tostão no
mundo ocidental, especialmente nos Estados Unidos. Os pioneiros judeus que chegaram
à Terra Prometida eram judeus russos buscando uma vida melhor do que os sofrimentos
sob o governo dos czares. Nessa ocasião, Satanás apareceu usando a máscara do
Império Russo.
Na Alemanha Nazista
Infelizmente, hoje
em dia um número crescente de pessoas admira o mal cometido por Hitler e seu
Terceiro Reich entre 1933 e 1945. A loucura satânica do nazismo causou tanta devastação
no mundo inteiro que podemos apenas classificá-la como um dos piores crimes da
história. O povo judeu estava no centro daquele horror. Freqüentemente se diz
que morreram mais não-judeus do que judeus durante esse período. Mesmo que isso
seja verdade, não serve para diminuir o horror sem igual do Holocausto. Nele,
de maneira cruel e sistemática, foram selecionadas e exterminadas seis milhões
de pessoas apenas por serem judias. O que faz do Holocausto algo singular é que
Hitler não matou os judeus por suspeitar que eram comunistas ou que estavam envolvidos
em algum movimento político traidor. Ele os matou mesmo sabendo que se tratava
de cidadãos alemães fiéis ao Estado. Ele os assassinou simplesmente porque haviam
nascido judeus. Para as pessoas que viveram nos primeiros dias daquela insanidade,
o número crescente de restrições impostas aos judeus alemães era defendido com
o mais nobre dos propósitos: o nacionalismo.
O discurso foi
simples. Era necessário encontrar um “bode expiatório” sobre o qual pudesse ser
colocada a responsabilidade da derrota sofrida na “Grande Guerra”. Hitler convenceu
os alemães de que um elemento estranho, os judeus, devia ser responsabilizado. Eles
foram acusados de ser “internacionalistas” e não “nacionalistas” fiéis à pátria
alemã. Contudo, o povo judeu estava vivendo na Alemanha há 900 anos e até mesmo
tinha lutado pelo Kaiser (imperador alemão) na I Guerra Mundial. Muitas pessoas
engoliram a mentira de que acabar com os judeus seria o melhor para a nação alemã.
Essa é a história de Satanás usando a máscara do nacionalismo na Alemanha nazista.
Hitler
não matou os judeus por suspeitar que eram comunistas ou que estavam
envolvidos em algum movimento político traidor. Ele os assassinou
simplesmente porque haviam nascido judeus.
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No Presente
Hoje em dia, o anti-semitismo continua se multiplicando em todo o mundo. Mais uma vez, Satanás está espalhando seu engano. Enquanto os israelenses tentam desesperadamente defender-se do terrorismo islâmico, Satanás está enganando o mundo: ele faz com que todos acreditem que os judeus são os agressores e os muçulmanos, as vítimas.O apóstolo Paulo nos alertou a respeito dos métodos e artifícios usados por Satanás: “que Satanás não alcance vantagem sobre nós, pois não lhe ignoramos os desígnios” (2 Co 2.11). Ele também nos incentiva a lutar contra os estratagemas do maligno: “Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para poderdes ficar firmes contra as ciladas do Diabo” (Ef 6.11).
Pedro também nos
alertou sobre as manobras do Diabo: “Sede
sóbrios e vigilantes. O Diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão
que ruge procurando alguém para devorar; resisti-lhe firmes na fé, certos de
que sofrimentos iguais aos vossos estão se cumprindo na vossa irmandade espalhada
pelo mundo” (1 Pe 5.8-9).
Enquanto o anti-semitismo
fica cada dia mais forte, é urgente que consigamos perceber esse plano do Diabo.
Conhecer algumas das máscaras que Satanás utiliza em seu ódio ao povo judeu nos
ajudará a ficarmos alertas contra os seus esquemas nefastos para impedir também
a obra de Deus em nossas vidas.
(William C. Varner - Israel My Glory - http://www.beth-shalom.com.br)
Publicado na revista Notícias de Israel, novembro de 2002.
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