2 de out. de 2017

O LIVRO DA VIDA

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Por Douglas Elias

Tentarei através desse breve e resumido texto falar sobre um assunto de interesse comum de todos os cristãos do mundo, o “Livro da Vida”. Quem de nós nunca ouviu falar desse tão temido (por aqueles que praticam a iniquidade) e tão amado (por aqueles que estão em Cristo) livro? Segundo as Escrituras Sagradas, há no Céu a existência de alguns livros, e entre estes, um livro que contém o nome daqueles que serão salvos por Deus da destruição final por ocasião de sua volta, e que desfrutarão de uma vida plena e eterna de felicidades ao seu lado, no tão sonhado paraíso, a saber, o Livro da Vida. Todos os cristãos sinceros acreditam ter seus nomes escritos por Deus neste Livro, desde que segundo eles, continuem a serví-lo e obedecê-lo em sinceridade de coração. Caso contrário, poderão ter seus nomes apagados por Deus sem misericórdia nenhuma.

É bastante comum, principalmente nas igrejas pentecostais e neopentecostais vermos e ouvirmos pregadores em suas orações pelos arrependidos, que após a Palavra no culto desejam retornar aos braços do Pai eterno, o pedido de que Ele [Deus] receba essas pessoas e que “ESCREVA” (no caso de pessoas que nunca foram cristãs) ou “REESCREVA” (no caso das pessoas que já foram) seus nomes no Livro da Vida. Mas, será que a Bíblia realmente ensina que Deus apaga o nome das pessoas que se desviam de seu caminho do Livro da Vida ou acrescenta o nome daqueles que são convertidos no decorrer da história? Vamos analisar o texto principal usado por aqueles que defendem esta posição: “Agora, portanto, eu rogo a tua misericórdia para que lhe perdoes o pecado; caso contrário, risca-me, rogo-te, do teu livro sagrado que escreveste!” Êxodo 32:33

Alguns se apropriam desse texto para defender a ideia de que Deus possa alterar esse Livro sempre que necessário, uma vez durante essa vida, o tempo todo, pessoas se convertem ou deixam de seguir o Evangelho. Segundo estes, o próprio Moisés assegurou e reivindicou tal pregorrativa, quando pediu a Deus que riscasse o seu nome do livro da vida, enquanto guiava o povo de Israel à terra prometida. Na verdade, devemos antes de qualquer coisa fazer uma análise do versículo, considerando o contexto em que tal pedido ocorre. No começo desse capítulo temos a descrição bíblica de que os israelitas haviam se precipitado devido a demora de Moisés no monte Sinai e construído um bezerro de ouro para adorar e servir, considerando que ele já estava morto. Após o retorno de Moisés, uma parte do povo se arrepende, enquanto os idólatras que se recusam, são mortos a espada. No dia seguinte, Moisés preocupado com as consequência dessa atitude do povo, roga a Deus que perdoe o povo ou então que risque o seu nome do livro que tinha escrito.

Quando observamos a história toda, fica perfeitamente simples compreender o pedido do patriarca Moisés, rogando a Deus que perdoe o pecado do povo ou que o mate no lugar deles. Suas palavras eram na verdade as de alguém que tinha um amor tão verdadeiro por aquelas pessoas e que preferia morrer, se preciso fosse, no lugar deles ao vê-los ser destruídos pelo Senhor. A Bíblia de Estudo John MacArthur apresenta o seguinte comentário a respeito do episódio: “Risca-me… do livro que escreveste”. Nada marcou mais fortemente o amor de Moisés pelo seu povo do que a sua sincera vontade de oferecer a própria vida em vez de vê-los deserdados ou destruídos. O livro ao qual Moisés se referiu, o salmista intitulou de “livro dos vivos” (Sl 69:28). Ser riscado do livro significaria morte intempestiva ou prematura. Qualquer um que leia os relatos bíblicos sobre a vida de Moisés poderá enxergar claramente esse sentimento de amor tão sublime e a preocupação tão forte que ele sentia pelo povo, isto, a ponto até mesmo de rejeitar a oportunidade oferecida por Deus, apelando para sua reputação, de ter uma nova linhagem começada por ele, conforme os relatos desse mesmo capítulo.

A resposta de Deus ao pedido de Moisés de que Ele “riscasse seu nome do livro” não deixa dúvidas quanto a real intenção do profeta. “Então disse o SENHOR a Moisés: Aquele que pecar contra mim, a este riscarei do meu livro. Assim feriu o SENHOR o povo, por ter sido feito o bezerro que Arão tinha formado.” Êxodo 32:33;35 Esses versículos são a prova incontestável para resolver a questão e provar que em momento algum passou pela cabeça de Moisés o desejo de que Deus tirasse seu nome do Livro da Vida, privando-o da salvação, mas na verdade, seu cuidado pelas ovelhas de Deus. Até porque esse tipo de oração vai diretamente contra a mensagem explícita revelada pelo Espírito Santo de Deus nas Sagradas Escrituras. Até mesmo no meio teológico aqueles que têm diferentes posições em relação ao fator determinante na Eleição de Deus (se segundo a presciência divina ou se segundo a Sua livre vontade) concordam nesse aspecto, o Livro da Vida não pode ser alterado, pois ele foi escrito antes da fundação do mundo (Ap 13:8; 17:8). A Bíblia é clara e enfática ao negar a possibilidade de alguém ter seu nome escrito ou apagado do Livro da Vida, considerando que ele já foi escrito muito antes de nossa existência ou de qualquer coisa criada por Deus.

Ninguém tem seu nome escrito no Livro da Vida no dia da sua conversão. Aqueles que realmente serão salvos por Deus tiveram seus nomes escritos no Livro absolutamente antes de suas conversões e não no momento dela. A conversão é um processo que sucede a regeneração e que precede a santificação, tendo por resultado final a glorificação, e esta, foi contemplada por Deus no seu exaustivo conhecimento do universo. Há um elo inquebrável nesse processo, conforme o texto nos apresenta: “Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou a estes também chamou; e aos que chamou a estes também justificou; e aos que justificou a estes também glorificou.” Romanos 8:29,30 Até porque, sejamos lógicos, se aceitarmos a ideia de que Deus precise alterar algo que ele já escreveu, apagando ou acrescentando para corrigir a história, teremos também que negar alguns de seus atributos divinos, tais como a sua presciência (capacidade prévia de saber o futuro), uma vez que ele não pôde prever qual pessoa se desviaria ao longo do percurso, ou então negamos a sua Soberania e governo sobre a história, levando juntamente consigo nessa ideia mais dois de seus atributos divinos, a onipotência e onisciência. O próprio Jesus [Deus Filho], deixou completamente claro que de modo nenhum riscaria o nome daqueles que vencessem do Livro da Vida e prometeu confessá-los diante do Pai, conforme o texto de Apocalipse 3:5. “O que vencer será vestido de vestes brancas, e de maneira nenhuma riscarei o seu nome do livro da vida; e confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos.”

A partir dessa verdade declarada por Jesus, a pergunta que fica aos que continuam a defender a ideia de que os nomes podem sim, serem apagados do Livro da Vida é: será que Jesus não sabia quando escreveu o Livro quais as pessoas que desistiram e quais prosseguiriam na fé até a morte? Esclarecido os pontos, devemos rejeitar então esse tipo de oração, uma vez que ela não se enquadra nas Escrituras Sagradas, onde é mais do que claro, que o nosso Deus sabe exatamente o que faz e nunca se engana. Ele sabe de tudo plenamente (onisciente), tem todo poder absolutamente (onipotente) e conhece o futuro completamente (presciente), e um desvio ou conversão no decorrer da caminhada cristã não seriam suficientes para surpreendê-lo. Ao contrário do que essa prática propõe, a Bíblia apresenta as seguintes descrições sobre aqueles que se perdem e que são seduzidos pelo pecado, como aqueles que nunca tiveram seus nomes escritos no Livro da Vida. “Todos os habitantes da terra adorarão a besta, a saber, todos aqueles que não tiveram seus nomes escritos no livro da vida do Cordeiro que foi morto desde a criação do mundo”. Apocalipse 13:8 “A besta que você viu, era e já não é. Ela está para subir do abismo e caminha para a perdição.

Os habitantes da terra, cujos nomes não foram escritos no livro da vida desde a criação do mundo, ficarão admirados quando virem a besta, porque ela era, agora não é, e entretanto virá.” Apocalipse 17:8 Conclui-se portanto, a partir do testemunho bíblico que nenhuma pessoa que teve seu nome escrito no Livro da Vida irá para a perdição do inferno, pois Deus ao escrevê-lo, não se baseou no começo ou no meio da história, mas em toda ela. Não há erro nos planos de Deus, Ele conhece o fim, desde o começo!


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Bíblia de Estudo MacArthur. Revista e atualizada, 2 ª edição. 1997 https://quaseteologa.wordpress.com/2016/06/09/o-livro-da-vida/

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