A
Segunda Vinda de Cristo está no centro de nossas considerações sobre a
“Escatologia Cósmica”. Cristo veio para inaugurar seu Reino, mas ele vem
novamente para introduzir a consumação daquele Reino. Embora, como
vimos, o Reino de Deus esteja presente em um sentido, ele é futuro em
outro. Vivemos agora entre duas vindas. Olhamos cheios de alegria, no
passado, para a primeira vinda de Cristo, e aguardamos com ansiedade
por seu retorno prometido.
A expectação do Segundo Advento
de Cristo é um dos aspectos mais importantes da Escatologia
neotestamentária - tanto o é, na verdade, que a fé na Igreja do Novo
Testamento é dominada por esta expectação. Todo livro do Novo Testamento
nos indica o retorno de Cristo e nos conclama a viver de modo tal a
sempre estar pronto para essa volta. Esta nota é repetida diversas
vezes nos Evangelhos. Somos ensinados que o Filho do Homem virá com
seus anjos na glória de seu Pai (Mateus 16.27); Jesus falou ao
sumo-sacerdote que este veria o Filho do Homem sentado à destra poderosa
de Deus e vindo com as nuvens do céu (Marcos 14.62). Freqüentemente
Jesus falou aos seus ouvintes para vigiar por sua volta, uma vez que ele
viria numa hora em que eles não esperavam (Mateus 24.42,44; Lucas
12.40). ele falou da felicidade daqueles servos a quem ele encontraria
fiéis quando de sua vinda (Lucas 12.37,43). Após ter descrito alguns dos
sinais que precederiam sua vinda, o Senhor disse: “Ora, ao começarem
estas coisas a suceder, exultai e erguei as vossas cabeças; porque a
vossa redenção se aproxima” (Lucas 21.28). e em seu discurso de
despedida Jesus contou a seus discípulos que, após ter deixado a terra,
ele viria novamente e os levaria consigo (João 14.3).
Uma nota similar ressoa no livro de atos. Os anjos disseram aos discípulos que assistiam à ascensão de Jesus aos céus: “Esse Jesus, que dentre vós foi assunto ao céu, assim virá do modo como o vistes subir”
(At 1.11). E Paulo disse aos atenienses que um dia Deus julgará o mundo
pelo homem a quem levantou dos mortos, o Senhor Jesus Cristo (Atos
17.31).
As epístolas paulinas revelam uma consciência vívida da proximidade e certeza da volta do Senhor: “pois vós mesmos estais inteirados com precisão de que o dia do Senhor vem como ladrão de noite” (1 Ts 5.2); “Perto está o Senhor” (Fp 4.5). Paulo insta com os Coríntios para serem cautelosos em fazer julgamentos, uma vez que o Senhor está vindo: “Portanto,
nada julgueis antes do tempo, até que venha o Senhor, o qual não
somente trará à plena luz das coisas ocultas das trevas...” (1 Co 4.5) Em Tito 2.13 ele descreve os cristãos como aqueles que estão “aguardando a bendita esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus”. E em Romanos 8.19 ele nos fala de que a “ardente expectativa da criação aguarda, a revelação dos filhos de Deus”.
Este senso agudo da expectação
do Segundo Advento de Cristo, entretanto, é também encontrado nas
epístolas católicas. O autor de hebreus diz que “assim também
Cristo, tendo se oferecido uma vez para sempre para tirar os pecados de
muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o aguardam para a
salvação” (Hb 9.28). Tiago fala de modo semelhante quando diz: “fortalecei os vossos corações, pois a vinda do Senhor está próxima” (Tg 5.8). Pedro enfatiza tanto a certeza da volta do Senhor como a incerteza sobre sua hora: “Ora, logo que o Supremo Pastor se manifestar, recebereis [os anciãos] a imarcescível coroa da glória” (1 Pe 5.4); “Virá, entretanto, como ladrão, o dia do Senhor”
(2 Pe 3.10). João insta com seus leitores a permanecerem em Cristo a
fim de que, quando ele se manifestar, eles possam ter confiança (1 João
2.28); mais adiante, ele afirma que quando Cristo efetivamente aparecer
de novo, seremos como ele, uma vez que o veremos como ele é (1 João
3.2).
Um sentido similarmente forte da expectação da volta do Senhor ressoa através do livro do Apocalipse: “Eis que vem com as nuvens, e todo olho o verá” (Ap 1.7). “Venho sem demora”, diz Jesus à Igreja em Filadélfia; “Conserva o que tens, para que ninguém tome a tua coroa”. (3.11). E em Apocalipse 22.20, o penúltimo verso do Novo Testamento, lemos: “Aquele que dá testemunho destas coisas diz: Certamente venho sem demora. Amém. Vem, Senhor Jesus!”
Esta mesma expectação vivida
pela volta de Cristo deveria marcar a Igreja de Jesus Cristo nos dias de
hoje. Se esta expectação não mais estiver presente, há algo
radicalmente errado. É o servo infiel da parábola de Jesus que diz em
seu coração: “Meu senhor tarda em vir” (Lucas 12.45). Pode
haver várias razões para a perda deste senso de expectação. É possível
que a Igreja hodierna esteja tão envolvida em assuntos materiais e
seculares que o interesse pela Segunda Vinda esteja se desvanecendo no
segundo plano. É possível que muitos cristãos não mais creiam numa volta
literal de Cristo. É também possível que muitos dos que crêem numa
volta literal empurram este evento para tão longe, no futuro distante,
que não vivem mais na espera dessa volta. Quaisquer que sejam as razões,
a perda de uma expectativa vívida e vital da Segunda Vinda de Cristo é
um sinal de uma enfermidade espiritual das mais sérias na Igreja. embora
possa haver diferenças entre nós acerca dos diversos aspectos da
Escatologia, todos os cristãos deveriam aguardar ansiosamente pela volta
de Cristo e deveriam viver à luz desta expectação renovada a cada dia.
Anthony Hoekema
In: A Bíblia e o Futuro.
http://cincosolas.blogspot.com.br/2013/03/a-expectativa-da-volta-de-cristo-no.html
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